quinta-feira, 17 de junho de 2010

Zero Oitocentos!

Este é o primeiro número de Zero Oitocentos. Ele informa o que existe para se fazer,grátis, em cultura, formação e lazer, na Gávea, na Puc e no ProUnir. Os alunos com e-mails cadastrados no programa receberam a nova publicação na terça-feira. O nº dois chega na segunda.

sábado, 12 de junho de 2010

Mário Neto reviveu o negro no futebol brasileiro

Em palestra na PUC, o jornalista Mário Neto reviveu o pioneirismo de seu avô, o também jornalista Mário filho, ao abordar o tema do negro no futebol brasileiro. O encontro, o último do ciclo Concentração: pensar a bola antes que ela role, foi marcado por histórias sobre o homem que dá nome ao estádio do Maracanã e criou a expressão "Fla-Flu". O debate foi promovido pela Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio, na quinta-feira (10/06).
Segundo Mário Neto, a publicação de O negro no futebol brasileiro, livro lançado por Mário Filho em 1947, “envolveu e uniu toda a família”. Seu avô, que morreu em 1966, foi o responsável por dar identidade às páginas de esporte dos jornais e também é lembrado pela defesa da presença dos jogadores negros no esporte. Ele contou que, segundo seu avô, “sem a força do negro, o Brasil não chegaria a lugar algum”.
– Em 1920, quem falava de futebol era considerado malandro, marginal. Jornalista era jornalista e jogador era jogador. Havia um muro entre eles. Quando meu avô colocou o futebol na primeira página do jornal, foi muito criticado, mas, a partir daí, todos os jornais passaram a fazer o mesmo porque assim conseguiam vender mais – afirmou Mário Neto – Antes, os jornais em geral tratavam apenas de golfe, tênis, waterpolo. Vender isso no Brasil não podia dar certo.
Há, até hoje, grande controvérsia sobre o time pelo qual Mário Filho torcia. Ele convivia com flamenguistas e tricolores, na família e entre amigos, e por isso não admitia sua escolha. No entanto, para seu neto, não há dúvidas: Mário Filho era flamenguista. Mário Neto disse, inclusive, que “na história do Flamengo, ninguém escreveu mais que ele sobre o clube”.
– Uma vez, fui com meu avô ao estádio assistir a um jogo entre Flamengo e Botafogo, e, quando o primeiro fez um gol, meu avô começou a pular. Mas, em seguida, disse: “Não pense que estou comemorando o gol. É que amanhã vamos vender mais jornais” – contou.
Segundo Mário Neto, a popularidade do Flamengo tem uma origem curiosa. O clube se formou a partir de uma briga interna do Fluminense, e os jogadores que abandonaram o tricolor passaram a ter que jogar em campos públicos, mais perto das pessoas que não podiam entrar nos estádios.
O palestrante contou que, para seu avô, todos deveriam torcer por um time: “Ele sempre dizia que é mais fácil trocar de mulher que de time”.
Segundo Ricardo Oiticica, professor da PUC-Rio que conduziu a conversa na Cátedra, a trajetória de Mário Filho coincide com a popularização do esporte na cultura brasileira. Para ele, não há um exemplo tão forte de “antropofagia” quanto o do negro no futebol.
– O contato com diferentes culturas, tornou o negro capaz de absorver uma manifestação estrangeira como o futebol e devolvê-la numa forma diferente, mais rica – afirmou Oiticica.
Em setembro deste ano, será lançado o filme Mário Filho e a multidão, junto com uma exposição de alguns de seus livros: Histórias do Flamengo, O rosto, Viagem em torno de Pelé e Copa de 1962. Prova da sua paixão é que, de todas as suas publicações, apenas duas não tratam de futebol.

Texto de Clarissa Pains publicado no Portal Puc-Rio Digital em 11 de junho.

Coreógrafo analisou relação entre dança e futebol

As peculiaridades, semelhanças e diferenças entre a dança e o futebol foram os assuntos principais da palestra Jogos de corpo, realizada na PUC-Rio, na quarta-feira (09/06). Na continuação do ciclo Concentração: pensar a bola antes que ela role, o coreógrafo e bailarino João Saldanha ressaltou a falta de preservação da cultura brasileira.
– A cultura está esquecida. Nós brasileiros estamos habituados aos fatos que acontecem, mas não causam mudanças na sociedade – afirmou.
Saldanha fez um paralelo entre as eleições e a cultura no Brasil. Quando o período eleitoral chega ao fim, segundo ele, a população esquece dos projetos dos candidatos.
De acordo com o coreógrafo, culturalmente, o futebol "é uma dispersão que permite o melhor entendimento do significado da vida". Para ele, também, muitos dançarinos são tão talentosos quanto Pelé e Garrincha como, por exemplo, o russo Rudolf Nureyev. Segundo Saldanha, as coreografias de Noreyev transmitem unidade e melodia.
Além disso, a motivação é, para o palestrante, um fator decisivo para o sucesso tanto do bailarino quanto do jogador. Saldanha ressaltou a necessidade de motivação e esforço para a superação de obstáculos tanto na dança quanto no futebol. Garrincha, por exemplo, tinha graves problemas físicos, mas a persistência o permitiu ser um excelente profissional.
– O artilheiro tinha perspectiva de jogo, olhava o campo com motivação e intuição. Meu pai também era muito batalhador e, inclusive, chamado de “João sem medo”. Na dança, o bailarino pode não ser ótimo. A diferença dele consiste em ir além da orientação dos instrutores – disse.
João Saldanha acredita que a associação mais direta entre futebol e dança é a visão espacial. As ideias de individualidade e coletividade, segundo o bailarino, também são aspectos comuns.
– A sabedoria popular diz que “a sapatilha nada mais é do que uma chuteira sem travas”. O gramado do futebol é o palco da dança – comentou o organizador do evento Ricardo Oiticica.
De acordo com Saldanha, a dança deve ser pensada como uma manifestação da sociedade. Na Idade Média, segundo ele, era hábito dançar durante as reuniões.
– A experiência cultural é individual e direta. Quem for assistir a um espetáculo ao vivo deve estar interessado – concluiu.

Texto de Thaís Chaves publicado no Portal Puc-Rio Digital em 11 de junho.

“Espaço para o futebol na literatura é pequeno”

O escritor e jornalista Marcelo Moutinho traçou um paralelo entre a paixão nacional, que toma conta de todo o país a partir da abertura da Copa, e a produção literária, na palestra A literatura nas quatro linhas. O encontro, realizado na terça-feira (08/06), foi o segundo da série Concentração: pensar a bola antes que ela role, promovida pela Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio.
Atualmente, Moutinho pesquisa o futebol para uma edição especial da revista Bravo!, que será publicada em outubro deste ano. Apesar de o esporte ser, para ele, "um aspecto enraizado no imaginário brasileiro", é pouco retratado na literatura, principalmente na de ficção. De acordo com o escritor, essa não é, no entanto, uma característica apenas da literatura. O cinema, por exemplo, também não abre espaço significativo para o tema.
– A razão disso é que o futebol é uma expressão em si. Portanto, qualquer outra expressão que venha a falar de futebol será um discurso diluidor, não conseguirá abarcar todo o seu significado – disse.
Foi nas crônicas, publicadas em jornais, que o esporte conseguiu mais espaço. Moutinho explica que as histórias geralmente contam dramas humanos desencadeados a partir do futebol. O jogo em si não costuma ser retratado. As crônicas mostram, por exemplo, o olhar do goleiro ansioso, do centroavante que não consegue fazer um gol, do torcedor, do técnico à beira do campo. Nessa área, para Moutinho, o grande autor é Nelson Rodrigues, que encarava o futebol como um microcosmo da sociedade brasileira.
– Nelson Rodrigues consegue transformar uma partida banal em um épico – afirmou.
Segundo ele, o futebol deu asas a grandes polêmicas literárias no Brasil. No início da prática do esporte no país, muitos intelectuais o viam como um traço da dominação europeia, devido a sua origem inglesa. O escritor Henrique Coelho Netto, que era membro da elite e fundador da cadeira n° 2 da Academia Brasileira de Letras (ABL), no entanto, era um grande defensor do futebol. Curiosamente, seu filho, João Coelho Netto, o “Preguinho”, foi o autor do primeiro gol da seleção canarinha na história dos mundiais, na Copa de 1930. Já Lima Barreto, embora de origem popular, chegou até mesmo a fundar a Liga Contra o Foot-ball, uma associação que tentava proibir a prática do esporte. Ele acreditava que o biotipo do brasileiro – “pequeno, encurvado” – não era adequado ao jogo. O escritor defendia, em suas palavras, “o porrete, a cavalhada, a corrida de pé e a rasteira, o esporte brasileiro por excelência”.
Como se pode perceber, a aposta de Lima Barreto não obteve sucesso, e, apesar de o modernista Oswald de Andrade considerar o futebol “o ópio do povo”, o esporte acabou por ganhar até mesmo a elite brasileira. Marcelo Moutinho destacou que José Lins do Rego foi um dos primeiros escritores importantes a lançar um romance inteiro sobre futebol, Fogo morto.
– Eu não gosto muito do José Lins porque ele fala muito do Flamengo, mas para os rubro-negros, a leitura da sua obra é um belo negócio – brincou o jornalista, que torce pelo Fluminense.
Na poesia, autores como João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade também chegaram a tratar de futebol. Nas crônicas atuais, alguns dos nomes mais importantes a abordar o tema são Cristóvão Tezza e Luís Fernando Veríssimo. Segundo Moutinho, é ainda mais difícil encontrar histórias contadas por escritoras mulheres. Rachel de Queiróz produziu algumas e Clarice Lispector escreveu uma: Armando Nogueira, futebol e eu, coitada. A crônica foi uma resposta à “provocação” do jornalista esportivo Armando Nogueira, que afirmou apenas trocar uma vitória do Botafogo por uma crônica de Clarice sobre o futebol.
Ao final do encontro, Moutinho leu um conto seu, intitulado Jogo contra, que foi publicado no ano passado na revista Bravo!.

Texto de Clarissa Pains publicado no Do Portal Puc-Rio Digital em 11 de junho

Ciclo sobre futebol começou com música

A música no futebol foi o tema principal da palestra Toques de Letras, realizada na PUC-Rio, na última segunda-feira (07/06). O primeiro encontro do ciclo Concentração: pensar a bola antes que ela role, teve como convidado o violonista e pesquisador da MPB Alfredo Del Penho. Para ele, a música caracteriza um povo e, desde o começo das gravações no Brasil, o futebol esteve presente nas canções.
– Lamartine Babo, um dos maiores compositores do país, escreveu as letras dos hinos dos principais times cariocas, como o América, para o qual ele torcia, e o Flamengo, além de times menores, como Canto do Rio e São Cristóvão. O compositor Batista Júnior também fez muito sucesso, em 1929, com músicas relacionadas ao futebol – afirmou Del Penho.
Segundo o violonista, o Brasil é um país diferente dos demais, devido à reunião de várias culturas e a alegria do povo, expressos no carnaval e no futebol. Dessa forma, para ele, a música deve ser "percebida", em vez de somente ouvida.
Del Penho lembrou que a população passou a perceber que o futebol traz “ibope” com a famosa música Que bonito é, de Luis Bandeira, que não foi escrita pensando no esporte. O pesquisador acrescentou ainda que as décadas de 1920 e 1930 foram marcadas pelas canções humorísticas, formadas pelo refrão (o único trecho cantado) e piadas, como Futebol complicado, de Ernesto Palazzo, e Campeonato de futebol na selva, de Plínio Ferraz. As canções cômicas prevaleceram até o final da década de 1930.
– As músicas dessa época eram gravadas de forma precária. João Gilberto, síntese da bossa nova, foi um dos primeiros a ter mais liberdade para cantar nos estúdios – disse.
Del Penho analisou a preocupação com a música politicamente correta. A composição Um-a-zero, de Nelson Ângelo, para o pesquisador, por exemplo, narra a emoção em um jogo de futebol e a história do esporte. O trecho “pode ter até bolacha, pontapé, empurrão” trata da raiva dos torcedores quando o juiz apita errado.
De acordo com o músico, a relação da torcida com os jogadores também está nas canções. A música Túlio maravilha foi a mais polêmica, segundo Alfredo, pois o nome do jogador teve que ser trocado para “fio”, na canção de Jorge Ben.
O ciclo de palestras continua até quinta-feira (10/06). Para o segundo encontro, Marcelo Moutinho foi convidado para tratar da relação do futebol com a escrita, na terça-feira. Na quarta, João Saldanha contextualiza a dança no esporte. Na quinta, Mário Neto fala sobre o negro no futebol brasileiro.
Texto de Thaís Chaves publicado no Portal Puc-Rio Digital em 8 de junho

domingo, 6 de junho de 2010

Diálogos sobre Cidadania

A última turma, neste semestre, de Diálogos sobre Cidadania começa nesta segunda-feira, 7 de junho, às 13h. Serão quatro encontros de duas horas de duração, sempre às segundas de 13h às 15h. Você sabe do que se trata? Veja aqui mesmo, em http://bit.ly/daLBMx. Inscreva-se na Secretaria do ProUnir, na lateral esquerda do lado de fora do Ginásio. Os encontros vão ser bem ao lado.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Concentração: pensar a bola antes que ela role

Semana que vem, às vésperas da Copa do Mundo, o ProUnir promove um ciclo de palestras gratuitas para refletir sobre o futebol a partir de pontos de vista artísticos e étnicos. Os encontros vão acontecer de segunda a quinta, das 16h30m às 17h30m na Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio. Veja a programação:
Futebol é música?
O violonista Alfredo Del Penho (http://bit.ly/cyHgPL) dá uns toques de letras de música com participação do futebol. Segunda, dia 7.
Futebol é escrita?
O escritor e jornalista Marcelo Moutinho (http://bit.ly/d5jd6Q) bota a literatura nas quatro linhas. Terça, dia 8.
Futebol é dança?
O coreógrafo e bailarino João Saldanha fala sobre jogos de corpo. Ele é filho e tem o nome do ex-técnico da seleção brasileira, conhecido como o “João sem medo”. Quarta, dia 9.
Futebol é raça?
O jornalista e escritor Mario Neto pensa um pouco sobre o negro no futebol brasileiro, expressão que foi título de um livro famoso de seu pai, o também jornalista Mário Filho. Quinta, dia 10.