sábado, 12 de junho de 2010

Ciclo sobre futebol começou com música

A música no futebol foi o tema principal da palestra Toques de Letras, realizada na PUC-Rio, na última segunda-feira (07/06). O primeiro encontro do ciclo Concentração: pensar a bola antes que ela role, teve como convidado o violonista e pesquisador da MPB Alfredo Del Penho. Para ele, a música caracteriza um povo e, desde o começo das gravações no Brasil, o futebol esteve presente nas canções.
– Lamartine Babo, um dos maiores compositores do país, escreveu as letras dos hinos dos principais times cariocas, como o América, para o qual ele torcia, e o Flamengo, além de times menores, como Canto do Rio e São Cristóvão. O compositor Batista Júnior também fez muito sucesso, em 1929, com músicas relacionadas ao futebol – afirmou Del Penho.
Segundo o violonista, o Brasil é um país diferente dos demais, devido à reunião de várias culturas e a alegria do povo, expressos no carnaval e no futebol. Dessa forma, para ele, a música deve ser "percebida", em vez de somente ouvida.
Del Penho lembrou que a população passou a perceber que o futebol traz “ibope” com a famosa música Que bonito é, de Luis Bandeira, que não foi escrita pensando no esporte. O pesquisador acrescentou ainda que as décadas de 1920 e 1930 foram marcadas pelas canções humorísticas, formadas pelo refrão (o único trecho cantado) e piadas, como Futebol complicado, de Ernesto Palazzo, e Campeonato de futebol na selva, de Plínio Ferraz. As canções cômicas prevaleceram até o final da década de 1930.
– As músicas dessa época eram gravadas de forma precária. João Gilberto, síntese da bossa nova, foi um dos primeiros a ter mais liberdade para cantar nos estúdios – disse.
Del Penho analisou a preocupação com a música politicamente correta. A composição Um-a-zero, de Nelson Ângelo, para o pesquisador, por exemplo, narra a emoção em um jogo de futebol e a história do esporte. O trecho “pode ter até bolacha, pontapé, empurrão” trata da raiva dos torcedores quando o juiz apita errado.
De acordo com o músico, a relação da torcida com os jogadores também está nas canções. A música Túlio maravilha foi a mais polêmica, segundo Alfredo, pois o nome do jogador teve que ser trocado para “fio”, na canção de Jorge Ben.
O ciclo de palestras continua até quinta-feira (10/06). Para o segundo encontro, Marcelo Moutinho foi convidado para tratar da relação do futebol com a escrita, na terça-feira. Na quarta, João Saldanha contextualiza a dança no esporte. Na quinta, Mário Neto fala sobre o negro no futebol brasileiro.
Texto de Thaís Chaves publicado no Portal Puc-Rio Digital em 8 de junho

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado! Continue comentando e nos ajudando a melhorar a nossa interação.