sábado, 12 de junho de 2010

Coreógrafo analisou relação entre dança e futebol

As peculiaridades, semelhanças e diferenças entre a dança e o futebol foram os assuntos principais da palestra Jogos de corpo, realizada na PUC-Rio, na quarta-feira (09/06). Na continuação do ciclo Concentração: pensar a bola antes que ela role, o coreógrafo e bailarino João Saldanha ressaltou a falta de preservação da cultura brasileira.
– A cultura está esquecida. Nós brasileiros estamos habituados aos fatos que acontecem, mas não causam mudanças na sociedade – afirmou.
Saldanha fez um paralelo entre as eleições e a cultura no Brasil. Quando o período eleitoral chega ao fim, segundo ele, a população esquece dos projetos dos candidatos.
De acordo com o coreógrafo, culturalmente, o futebol "é uma dispersão que permite o melhor entendimento do significado da vida". Para ele, também, muitos dançarinos são tão talentosos quanto Pelé e Garrincha como, por exemplo, o russo Rudolf Nureyev. Segundo Saldanha, as coreografias de Noreyev transmitem unidade e melodia.
Além disso, a motivação é, para o palestrante, um fator decisivo para o sucesso tanto do bailarino quanto do jogador. Saldanha ressaltou a necessidade de motivação e esforço para a superação de obstáculos tanto na dança quanto no futebol. Garrincha, por exemplo, tinha graves problemas físicos, mas a persistência o permitiu ser um excelente profissional.
– O artilheiro tinha perspectiva de jogo, olhava o campo com motivação e intuição. Meu pai também era muito batalhador e, inclusive, chamado de “João sem medo”. Na dança, o bailarino pode não ser ótimo. A diferença dele consiste em ir além da orientação dos instrutores – disse.
João Saldanha acredita que a associação mais direta entre futebol e dança é a visão espacial. As ideias de individualidade e coletividade, segundo o bailarino, também são aspectos comuns.
– A sabedoria popular diz que “a sapatilha nada mais é do que uma chuteira sem travas”. O gramado do futebol é o palco da dança – comentou o organizador do evento Ricardo Oiticica.
De acordo com Saldanha, a dança deve ser pensada como uma manifestação da sociedade. Na Idade Média, segundo ele, era hábito dançar durante as reuniões.
– A experiência cultural é individual e direta. Quem for assistir a um espetáculo ao vivo deve estar interessado – concluiu.

Texto de Thaís Chaves publicado no Portal Puc-Rio Digital em 11 de junho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado! Continue comentando e nos ajudando a melhorar a nossa interação.